sexta-feira, 13 de abril de 2012


O Tango no Espelho

De Junior Dalberto

INÍCIO
CAPíTULO 01

A lua gigante daquela semana de março de 2011 realmente mexeu com a cabeça das pessoas, dourada e gigantesca parecendo um balão inflado e solto sobre o azul celeste, lançava estranhos raios em cores alaranjadas, meio divididas, deixando que longos e verticais tons azuis celestes as separassem, iniciando-se na linha da marca do oceano até a sua plenitude aérea. A brisa que chegava do além mar não refrescava aquele quente inicio de noite.

O satélite seguia seu curso ao lado das dunas famosas do morro do careca, da praia de Ponta Negra em Natal com sua mágica e instigante beleza. Atraídos pela novidade que havia sido divulgada toda a semana pela internet e pela mídia televisiva que deixou todo o país curioso em ver “in loco” um fato que só ocorria de trinta em trinta anos. João Paulo e Maria Rita caminhavam lado a lado na praia de Ponta Negra, devia ser dezoito horas aproximadamente, estava uma noite muito quente, o barulho das marolas das ondas do mar morrendo nas areias da praia sobre os pés descalços dos dois, além de um distante e baixo alarido, quebravam aquele excitante momento, o casal seguia calado a bastante tempo em direção ao morro do careca, desde o começo do calçadão da praia, onde estacionaram a moto da Maria Rita. A praia estava cheia de gente aboletada na amurada que separava o calçadão das areias e das ondas.

O jovem casal queria curtir a lua aonde o silêncio fosse o tema do ambiente, Maria Rita quebrou esse silêncio uns cem metros antes de chegarem ao pé do morro:

MARIA RITA: Está quente demais. Acho que vou dar um mergulho. (Foi tirando a blusa, mostrando que como sempre, nada havia por baixo)

JOÃO PAULO: Eu também vou, ué! Vai tomar banho pelada?

MARIA RITA: Claro (Tirando a calcinha. Já havia jogado nas areias a blusa juntamente com o short jeans surrado ao lado das sandálias de dedo). Com uma lua dessas vou querer seus raios acariciando até a minha alma.

JOÃO PAULO: Sei não, se você não existisse, eu lhe inventava. (Vai tirando a roupa e empilhando sobre a da Maria Rita)

MARIA RITA: Vem logo João, a água está ótima.

JOÃO PAULO: To indo. (E corre prá água, mergulhando).

A brilhante lua do alto parecia cada vez mais poderosa e intimidante. Essa energia era percebida por alguns cães vagabundos que deviam estar farejando pelas areias, todavia encontravam-se paralisados, olhando para ela como que hipnotizados com as orelhas pontudas erguidas, talvez em respeito à magnífica visão. Na água nadavam sem roupas o casal de amigos em direção a um barco de pesca que se encontrava ancorado entre uma dezena deles na enseada da praia de Ponta Negra. Quem primeiro subiu foi a Maria Rita que em seguida ajudou o João Paulo a subir no barco, que estava recém pintado de azul e vermelho ainda cheirando a tinta e estava escrito em amarela laranja o nome de Java. Maria Rita falou rindo: “Até aqui me persegue esse menino. Quem? Perguntou João Paulo, assustando-se”.

MARIA RITA: (Apontando pro nome do barco) O Java meu irmão.

JOÃO PAULO: ah, engraçado, ele está sempre por perto.

MARIA RITA: Até mais do que deve, é um saco, estou com frio.

JOÃO PAULO: (Sentado sobre uma lona que cobre o barco) Vem prá cá que eu te esquento.

MARIA RITA: E você, acha que serve pra quê? Além de um belo objeto sexual.

JOÃO PAULO (Fazendo um biquinho feito criança com birra): Só pra isso é?

MARIA RITA: Isso é o que você faz de melhor. (Aproxima-se e coloca-se entre as pernas do amigo). Estou sentindo um cheiro de maconha no ar.

JOÃO PAULO: Deve ser algum pescador nesses barcos ao lado, fumando um e curtindo essa lua.

MARIA RITA: Até que cairia bem. (Falava e sentava-se sobre João Paulo)

JOÃO PAULO: Para de falar bobagem e presta atenção ao serviço.

Ambos riem e beijam-se demoradamente, acariciam-se, como já estão se conhecendo há mais de cinco meses pouco segredo no erotismo existe entre os dois, desde a primeira vez que ficaram foram até aonde o desejo lhes permitia, explorando e deixando se explorar cada vez mais pela libido sempre aflorada entre o casal. Maria Rita é mais afoita, direciona João Paulo para satisfazer seus ímpetos sexuais, o rapaz seduzido e inebriado pelo prazer, deixa-se conduzir, a lua agora se encontra bem sobre as suas cabeças, dourando o frenesi dos amantes, o barco chacoalha sobre as ondas, a corda da âncora que prende o pequeno barco, geme em contato com a madeira deixando o ambiente ainda mais excitante. Em poucos minutos o casal chega ao clímax, Maria Rita geme alto aproveitando o silêncio do lugar para deixar sua fantasia marcar presença.

João Paulo ao contrário, permanece em silêncio após o prazer, apenas observando a distante lua para em seguida assustar-se com a imagem a apenas dois metros de um homem bastante alto, devia ter mais de um metro e oitenta de altura, negro feito uma noite sem lua, totalmente nu e acariciando o seu órgão sexual, da pele negra gotas de água brilhavam com o reflexo da luz da lua, no rosto ostentava um sorriso luxurioso, só deu tempo de João empurrar com todas as forças que possuía a amiga Maria Rita com violência sobre a curta amurada do barco em direção ao mar, o barulho do corpo ao mar foi encoberto pelo pulo do forte negro sobre o corpo do pobre rapaz). Então você me quer sozinho é? – Gritou o gigante.

JOÃO PAULO: (Sentindo no rosto o bafo de maconha e cachaça do homem, misturado com suor e água do mar, viu-se com o rosto voltado para o chão de madeira do barco e preso por um golpe conhecido como mata leão, asfixiando-o) Por favor, está me machucando.

PESCADOR: Fique parado senão mato você e lhe pego de qualquer jeito depois, tá ligado?

(O negro era muito forte, João estava preso no golpe e sequer conseguia respirar, estava tentando achar uma maneira de escapar daquela eminente curra, mas seu pensamento era só em Maria Rita, esperava que ela conseguisse chegar a salvo na margem) Vamos lá rapaz, colabora depois lhe solto.
JOÃO PAULO: Seu filho de uma puta (O pescador tentava penetrar o rapaz que conseguia escapar das investidas, contorcendo o corpo) quem me garante que vai me deixar vivo.

PESCADOR: Eu (A resposta foi encoberta por um barulho de uma pancada seca, sobre a sua cabeça, desfalecendo-o e libertando o pescoço de João Paulo que aproveitando a situação, empurrou-o para o lado. Já se preparando para saltar do barco quando enxergou a figura da Maria Rita, nua com um remo de madeira na mão). Minha heroína! Gritou JOÃO PAULO. – Rápido, vamos embora, acho que o matei. (João Paulo chega até o individuo desacordado e comprova que ele ainda respira) Está vivo, vamos antes que ele acorde. (Pulam no mar).

MARIA RITA: (Nadando lado a lado e rindo) Achei que estava gostando do negão, demorei até um pouco em dar a bordoada, estava na dúvida.

JOÃO PAULO: Você está besta, pára com isso. Vamos mais logo, estou preocupado com nossas roupas.

MARIA RITA: É mesmo, esqueci de tudo, tomara que esteja tudo lá.

JOÃO PAULO: Vamos ver quem chega primeiro (Dar um selinho em Maria Rita e segue nadando em direção a praia)

MARIA RITA: E eu que pensava que teria um segundo tempo no barco, fazer o quê. (Nada em direção ao rapaz).

Na margem, João chega e percebe que nada foi mexido, respira aliviado, estava aflito porque lembrou da última vez que Maria Rita o convenceu a essa proeza, haviam ficado no prejuízo, estavam em Genipabu, sobre as dunas, coincidentemente na última lua cheia do mês passado, fizeram amor dentro da lagoa. Quando retornaram para o lugar aonde deixaram os seus pertences não encontraram mais nada, levaram tudo, foi um constrangimento geral, saíram caminhando pelados até a primeira casa que encontraram empurrando uma moto, o morador chamou a policia, foram levados até a delegacia enrolados em um lençol fedorento a urina que a dona da casa os cedeu, não houve constrangimento por parte da Maria Rita, ele ficou todo o tempo em silêncio procurando um buraco pra se esconder de tanta vergonha.

Os policiais até foram bem legais apesar de não tirarem os olhos do corpo de Maria Rita que coberta apenas por outro lençol roto, fino e bem transparente deixava as suas curvas bem salientes. O pior foi ter que providenciar todos os documentos surrupiados, e mais chato ainda foi o comportamento de Maria Rita que ria de tudo, parecia sob efeito de alguma droga, foi muito desagradável tudo aquilo, enquanto pensava nisso tudo João Paulo observou a amiga sair da água, nossa como era bonita e gostosa, por esse motivo valia muito a pena correr esse risco.

MARIA RITA: E então? Nossa! Agora estou com frio e também com fome. (Vestindo-se)

JOÃO PAULO: (Vestindo-se) Vamos comer uma pizza?

MARIA RITA: Ótima idéia. Vamos sim. (Caminha agora em direção contrária ao morro do careca).

JOÃO PAULO: Tenho algo pra gente.

MARIA RITA: Ih! Quando você vem com esse papo idiota da gente, sinto que vou me aborrecer.

JOÃO PAULO: Você é muito segura de si, chega às vezes a me irritar.

MARIA RITA: Desculpa João, mas é que você vem sempre com a mesma tecla, aposto que vai me pedir novamente em namoro não é?

JOÃO PAULO: E porque não? Eu gosto de você, você gosta de ficar comigo, arriscou-se por mim, pode dar certo.

MARIA RITA: Não quero, ainda não estou a fim de ficar com ninguém sério, eu quero só me divertir e com relação ao barco, eu faria isso por qualquer pessoa.

JOÃO PAULO: Tudo bem, mas mesmo assim valeu, já estava sentindo a coisa entrando.

MARIA RITA: Juro que eu achei que você estava gostando.

JOÃO PAULO: Não diga isso nem brincando, o negócio é duro.

MARIA RITA: E eu não sei, mas tudo é uma questão de momento, talvez não fosse o seu momento.

JOÃO PAULO: Esse momento pra mim não vai chegar nunca, vamos parar com esse assunto. Vamos falar da gente.

MARIA RITA: Eu fiquei preocupada, acho que bati com muita força. Acho que estava nos vendo desde que chegamos ao barco. (Pensativa)

JOÃO PAULO: Devia estar em algum barco vizinho, mas não se preocupe, ele ficou bem, pense em nós, vamos ter mais momento só nossos. (Tentou pegar na mão da amiga)

MARIA RITA: Namorando? (Ela não permitia que ele segurasse na sua mão)

JOÃO PAULO: Esse é o meu desejo. (Já estão bem perto do lugar aonde deixaram a moto)

MARIA RITA: Não e não, isso já está enchendo meu saco, quando eu tiver a fim de lhe pedir em namoro eu falo está bem? (Irritadíssima)

JOÃO PAULO: Isso tudo é prá poder ficar com outros caras não é?

MARIA RITA: Mais ou menos, o que eu quero é não perder o poder de decisão, de o quê ou com quem vou ficar, quero continuar me sentindo livre, adoro essa sensação de ser dona do meu nariz, não quero ninguém no meu caminho, entendeu? Nada contra você, acho você um tesão, gostoso, parceiro, boa cama, bom papo, bom gosto, excelente companhia, mas, é só. Não quero ninguém prá sempre, pelo menos por enquanto. Chegamos, foi uma boa caminhada.

JOÃO PAULO: Tudo bem, um dia lhe venço no cansaço. (Pegando o capacete que a Maria lhe passou) Obrigado.

MARIA RITA: (Rindo e subindo na moto)- Na de sempre?

JOÃO PAULO: Of course. (Saem rindo)
...NA PIZZARIA...

MARIA RITA: (Com a boca cheia de pizza, olha prá João como se perguntasse algo).

JOÃO PAULO: Está curiosa, não é? (Maria Rita concorda com um gesto de cabeça). Tudo bem olha aqui (Mostra duas passagens aéreas e vouchers) Vamos dar um passeio?

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